Entre os dias 28 de outubro de 2023 e 7 de janeiro de 2024, o CCJF abre as portas para as mostras ‘8 de Janeiro: Jamais fomos modernos’, do artista fluminense Alex Frechette, ‘Transeunte’, do paulista André Bahia, ‘Urucum: a natureza é Queer’, da artista paraense Rafael BQueer e ‘Matrizes’, de Paula Scamparini
Para aqueles que apreciam artes visuais, uma boa notícia. Quem visitar o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) a partir do próximo sábado, dia 28 de outubro, vai poder conferir, gratuitamente, o trabalho de quatro artistas brasileiros. As exposições “8 de Janeiro: Jamais fomos modernos”, do artista fluminense Alex Frechette, “Transeunte”, do paulista André Bahia, “Urucum: a natureza é Queer”, da artista paraense Rafael BQueer e “Matrizes”, de Paula Sacamparini, irão ocupar as galerias do CCJF entre os dias 28 deste mês até o dia 7 de janeiro de 2024. Cada mostra conta com um foco diferente, o que ajuda a enriquecer ainda mais a experiência cultural do público visitante. Entre outros temas, as exposições levantam debates sobre o respeito à democracia e à história do país, preconceitos, influências culturais e perspectivas femininas. A seguir, mais informações sobre cada uma delas:
“8 de Janeiro: Jamais fomos modernos”
Classificação indicativa: livre
A exposição, que traz 10 telas em acrílica de diversos tamanhos inspiradas no estilo modernista muralista, retrata a visão de Frechette sobre a investida aos ícones modernistas depredados na invasão ao Congresso, como a tela de Di Cavalcanti, a escultura da Justiça de Alfredo Ceschiatti, os azulejos e o muro escultórico de Athos Bulcão, a pichação na escultura da Justiça de Alfredo Ceschiatti e os prédios projetados por Oscar Niemeyer. A data foi marcada pela manifestação anti-democrática — que, para muitos se tratou de uma tentativa de golpe de Estado —, realizada por um grupo de pessoas que invadiu e depredou o Palácio do Planalto, o Superior Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, bem como as obras de arte modernistas que ocupavam esses locais, em Brasília. Hoje, esse ato ganha contornos recentes com os julgamentos no STF de parte dos envolvidos, com alguns réus já condenados por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado, entre outros crimes. Além do esforço em punir os culpados, no lado da justiça, o assunto também reverberou na arte e cultura, servindo de inspiração para o trabalho de Alex Frechette, artista visual e doutorando em Artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O título da exposição é uma alusão a Jamais Fomos Modernos, um dos livros mais famosos do renomado antropólogo e filósofo francês Bruno Latour, em que ele critica a concepção tradicional de modernidade que separa natureza e cultura frente a uma ‘proliferação dos híbridos’. Segundo Frechette, os danos parecem questionar o próprio projeto de modernidade, exigindo uma análise da relação entre ação, cultura e contexto histórico. Ao retratar as cenas de destruição no estilo dos primeiros artistas modernistas, a ideia do autor é refletir o repúdio aos eventos que levaram a uma tentativa de golpe de Estado e se debruçaram sobre noções tradicionais de progresso.
“Transeunte”
Curadoria: Alexandre Sá
Classificação indicativa: 12 anos
Em sua primeira individual no Rio, André Baía, artista visual paulistano radicado em Curitiba, apresenta uma seleção de 17 pinturas e um objeto, em ambiente instalativo. A exposição reflete o trânsito do artista por diferentes culturas e aponta para questões relacionadas às influências simbólicas que marcam a cultura visual brasileira, como a cultura afro-brasileira. A produção, com curadoria de Alexandre Sá, propõe apresentar a atual paisagem cultural brasileira, feita de uma mistura de referências com raízes históricas que funcionam como um disparador criativo. Vem daí a apropriação, expressa nas telas, que repensa a tradição pictórica, com um contrapondo baseado no universo pop. O resultado instiga o público a uma espécie de plataforma de reflexão crítica. André Baía explica que o colonialismo e o imperialismo cultural estão intrinsecamente ligados ao consumo, sobretudo o das imagens. Além disso, ele destaca que a violência inerente à produção pode ser vista como uma metáfora que simboliza a desconstrução de um legado eurocêntrico. “A obra de Baía promove um comentário abrangente sobre a diversidade social, racial e econômica que nos erige como país atualmente, reforçando a possibilidade de existência democrática dentro de uma sociedade múltipla como a brasileira”, salienta o curador, Alexandre Sá. Durante a temporada, serão realizadas visitas públicas mediadas e uma mesa redonda com participação do artista e do curador.
“Urucum: a natureza é Queer”
Curadoria: Emanuel M. M. de Castro
Classificação indicativa: livre
“Urucum: a Natureza é Queer” retrata uma performance realizada pela artista paraense Rafael Bqueer, tendo como meio de interação o projeto de Agrofloresta Borboleta Azul, sob direção de vídeo de André de Castro e texto de curadoria de Emanuel Matos de Castro. O curador destaca que o trabalho é uma espécie de manifesto contra os essencialismos. “É um manifesto contra o modo moderno ocidental de conceber o mundo através de identidades que nos definem e nos aprisionam mesmo antes de nascermos. Pior: ao nos isolarmos em determinadas propriedades essenciais, trancamos os mundos, as possibilidades e os acasos atribuindo valores definitivos transcendentes e criando hierarquias entre as entidades”, reflete. A artista propõe levantar a discussão sobre essencialismos pré-estabelecidos na sociedade, que tendem a definir papéis sociais, modo de ser e agir das pessoas, e uma ‘moral superior’. Mas aqueles que não seguem padrões e, inclusive, os enfrentam são, muitas vezes, considerados anormais. Por isso, costumam enfrentar a dificuldade de sobreviver em um mundo constituído por hierarquias e preconceitos. “São os que contemporaneamente chamamos de queer, os bizarros. Ser queer é desafiar binarismos e rejeitar caminhos pré-determinados. Seu caminho não é pré-definido, é construído pelo meio e não pela origem, nem com finalidades definitivas. Ser queer é lutar contra as hierarquias pré-estabelecidas”, conta Emanuel de Castro. Outras obras da artista Rafael Bqueer integram acervos do Museu de Arte do Rio (MAR) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM).
“Matrizes”
Curadoria: Ioana Mello
Classificação indicativa: livre
Na mostra, a artista multimídia Paula Scamparini apresenta o vídeo-instalação ‘Ninar’ e as fotografias da última série produzida por ela, denominada ‘Carregadoras’. ‘Matrizes’ questiona visões de mundo através de uma perspectiva feminina e aprofunda uma pesquisa sobre formas coletivas de viver, maternidade e novos mundos produzidos pela mulher. A artista é graduada em Artes Visuais (Unicamp), Mestre e Doutora (UFRJ). Atualmente é professora na Graduação em Artes Visuais/Escultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além do Brasil, já expôs em países como México, Espanha, Alemanha e Áustria.
Para mais informações sobre as mostras, que estarão no CCJF, acesse: https://www10.trf2.jus.br/ccjf/
Atendimento à imprensa:
Centro Cultural Justiça Federal (CCJF)
E-mail: imprensa.ccjf@trf2.jus.br
Telefone: (21) 3261-6432
SERVIÇO:
Abertura: 28/10/2023
Período de visitação: 28/10/2023 a 7/01/2024 (de terça a domingo)
Horário: das 11h às 19h
Valor: gratuito
Local: Galerias do CCJF
Centro Cultural Justiça Federal:
Endereço: Avenida Rio Branco 241, Centro – Rio de Janeiro – RJ
Telefone: 55 21 3261-2550
*Fonte: CCJF
CCJF amplia programação cultural recebendo quatro exposições artísticas gratuitas no próximo sábado, 28/10* foi postado em Portal TRF2.